“Nós não devemos, nem queremos, rachar com a RR ou formar uma fração a parte. Nosso objetivo é compor a RR. Por isso quero publicamente colocar minha posição a todos que acompanharam as últimas polêmicas envolvendo o Educação Revolucionária: nós somos pela Reconstrução Revolucionária, e nosso dever histórico é impedir seu desmantelo.”
João Lucas Leite
05/01/20244
Frente às recentes polêmicas que dizem respeito ao Educação Revolucionária, eu, como militante do coletivo, gostaria de fazer minhas ponderações e o que eu acredito que deveria ser a linha a ser seguida pelo ER.
Já não é desconhecido por ninguém que o objetivo do ER é compor o movimento pela reconstrução revolucionária do partido comunista brasileiro, e eu como militante do ER sempre defendi essa tese, pois entendo, enquanto leninista, que um coletivo cujo a linha ideológica é o marxismo-leninismo — logo sua estratégia é a revolução — como é o ER: um coletivo digital de agitação e propaganda marxista-leninista, não tem um fim em si mesmo. Essa estratégia não pode ser alcançada se não com estreitas relações com um partido de tipo leninista e proletário. Por isso a linha do ER sempre foi compor o PCB, mesmo antes do racha.
Vale ponderar para que não hajam acusações oportunistas frente a minha posição quanto a essa questão enquanto eu era parte de outra organização que não era o PCB que: 1. a organização a qual eu fazia parte nunca contestou minha atuação no ER e; 2. sempre defendi essa questão pelos motivos que ponderei acima e nunca fui um pessoalista de ser contra a proposta por simplesmente, na época, não ser referente ao meu partido.
Pois bem, chegaremos ao ponto em questão: o lugar do ER, na minha visão e o que eu defendo internamente no coletivo, é pela Reconstrução Revolucionária, que como coloquei em minha carta de desligamento da antiga organização, enxergo como a mais promissora organização a se estabelecer enquanto um partido verdadeiramente marxista-leninista, isso mesmo com alguns apontamentos e críticas que tenho a algumas posições que existem na RR, mas isso é assunto para outro texto.
Defendo que o ER deva compor a Reconstrução Revolucionária, e é nosso papel histórico compô-la, tanto pelos motivos já ditos, quanto pelo papel revolucionário que este coletivo vem desempenhando nos últimos acontecimentos.
Os acontecimentos recentes, a tribuna do camarada Silco, quanto a minha carta, geraram polêmicas que mexeram o movimento comunista brasileiro(demonstrando o fundamental papel da polêmica pública para elucidar questões e elevar o debate). Para mim as escolhas do ER, que foram feitas coletivamente por consenso de todos os militantes, de publicar a tribuna do camarada Silco, a minha carta de desligamento, e mais recentemente a carta de desligamento do camarada Silco, porão o ER na disputa como agente político. Optar por ceder o pedido do camarada Silco de publicar a sua tribuna frente a presunção de que havia uma demora proposital do OC para publicar a tribuna do camarada no Em Defesa do Comunismo(EDC), visto que o camarada alertava da urgência da publicização desse texto, foi uma escolha política do ER e eu acho ser justa, porque é a máxima da polêmica pública é, se não sair de um jeito vai sair de outro, em algum espaço. Essa escolha colocou mais em evidência a tese do ER de compor a RR enquanto um coletivo de agitprop e atuação digital do partido.
Essa escolha política não representa que o ER está pretendendo rachar com a Reconstrução Revolucionária, como eu tinha colocado, nosso objetivo é o oposto. Essa escolha, ao meu ver, reafirmou o compromisso que o ER tem com a Reconstrução Revolucionária, em garantir a reconstrução. Frente às nossas escolhas, reafirmo, políticas, caiu sobre nós um dever histórico. Vários camaradas da RR nos procuraram para publicar tribunas e cartas de desligamento fazendo diversas denúncias a forma como a Reconstrução Revolucionária está se desenrolando, essa confiança dos militantes em nosso coletivo de publicizar seus textos em nosso espaço prova esse dever histórico: o dever de se assumir enquanto esse agente político na Reconstrução Revolucionária, o dever de compor formalmente a reconstrução revolucionária enquanto um coletivo.
Defendi, e defendo, dentro do coletivo, que precisamos de uma reunião urgente para assumir esse dever histórico. O espaço que disponibilizamos para a publicação desses textos, o “fórum da comunidade”, não tem uma estrutura para receber esses textos e não é público e assumidamente um espaço de tribuna de debates, por mais que já estávamos debatendo se nossa tribuna deveria ser pública nesse espaço. Agora, dado às novas necessidades que apareceram, o dever do Educação Revolucionária é fazer com que se torne.
Se os quadros proletarizados da RR estão se desligando por umas ou outras contradições e confiam no ER como instrumento para publicizar esses debates para a reconstrução do movimento comunista brasileiro, é dever, é tarefa, é urgência do Educação Revolucionária atender essas expectativas, que são consequências da escolha do Educação Revolucionária de publicizar o texto do camarada Silco e o meu, e fazer com que o ER cumpra esse papel. Nós não podemos controlar as tribunas, se infelizmente está havendo algumas cartas de desligamentos, fortes críticas etc, é responsabilidade do movimento resolver suas contradições, nada disso deve ser para destruí-lo, pelo contrário, como sabemos o papel da polêmica pública é construir uma unidade duradoura.
O que alguns camaradas que nos procuraram denunciaram sobre a RR são questões fundamentais para garantir o não desmantelo desse movimento legítimo que rachou com o antigo PCB, dominado por academicistas e pequeno-burgueses. Todos entendemos que, como uma fração, esses vícios pequeno-burgueses do antigo PCB podem se manter — e pretendem se manter — se não houver uma luta ferrenha pela proletarização dos quadros, a superação da burocratização e todas as contradições do antigo PCB. Novamente coloco que o ER fez uma escolha que o colocou nesse papel de fazer essa disputa para manter a RR como realmente reconstrução revolucionária, reconhecido pelos quadros proletarizados que estão saindo da RR, de fazer essa disputa. A questão colocada pelo camarada Silco, a dos delegados natos, é uma questão fundamental a ser debatida para garantir a reconstrução revolucionária. Mesmo discordando da forma(o tom e a escolha de boicotar o XVII Congresso), o conteúdo da crítica do camarada Silco é, na minha visão, contundente.
Nós não devemos, nem queremos, rachar com a RR ou formar uma fração a parte. Nosso objetivo é compor a RR. Por isso quero publicamente colocar minha posição a todos que acompanharam as últimas polêmicas envolvendo o Educação Revolucionária: nós somos pela Reconstrução Revolucionária, e nosso dever histórico é impedir seu desmantelo.