James Connolly
Maio de 1901
Socialistas sempre são acusados de tentar criar mal-estar, de causar uma luta de classes, de “colocar classe contra classe”. Claro, o fato é que nós meramente apontamos o que já existe, analisando as instituições políticas e industriais sob às quais vivemos e notando criticamente as forças que as produzem em qualquer fase. O resultado necessário de nossa análise é descobrir que a própria base da sociedade atualmente é uma luta entre duas classes, o senhor de terra e o capitalista que são donos de todos os meios de produção, e a classe sem propriedade que só é autorizada a usar e operar esses meios de vida quando tal autorização atende à conveniência ou ao interesse dos membros da outra classe.
O trabalhador médio não tem conhecimento disso de forma clara ou bem elaborada, mas ele tem uma percepção mais ou menos turva desse fato suportado por seu intelecto lento por meio do canal de sua experiência diária da luta pela vida. Seus mestres, que tem interesse em mantê-lo naquela grande falta de conhecimento, são sempre cuidadosos ao gritar “capital e trabalho são irmãos” e não “coloque classe contra classe”. Armados assim, mentalmente, com a podridão ilógica pregado a ele por seus espoliadores, o “homem na rua” considera o socialista como, bem – talvez corretamente, mas bastante “extremo”. Nós trabalhadores socialistas que conhecemos os truques que enganam nossos companheiros e os mantêm subjugados somos cheios de nojo, misturado com pena.
Nós sempre proclamamos que, enquanto o trabalhador não tem consciência de classe – isto é, saber e entender a sua subjugação de classe e sua causa, e, portanto, saber e entender seu interesse de classe em derrubar instituições que o mantêm subjugado – não é assim com o senhor de terra e o capitalista. Eles, por regra, têm muita consciência de classe e nunca se esquecem do princípio cardinal da luta de classes. Enquanto o trabalhador médio faz grande demonstrações de não se envolver com política, a outra classe precisamente o valor exato de sua participação na política não só para sua classe como um todo, mas também para cada uma de suas seções. Todo governo, portanto, é governo de classe, e que a classe média e golpistas aristocráticos que seguram as rédeas do poder político sabem disso, amplamente provado pelos seguintes extratos de discursos. Lorde Rosebery, dirigindo-se à Câmara de Comércio de Wolverhampton:
“Ele era um daqueles que altamente respeitava as câmaras de comércio. Em primeiro lugar, eles concentravam a opinião de uma grande e governante classe – uma classe que havia governado a Grã-Bretanha no passado, e que ele não estava preparado para dizer que não governava no presente.”
Mas o socialista é tão extremo. Ele coloca classe contra classe.
O sr. McNeill moveu a resolução na Casa dos Comuns condenando a prática de membros do governo terem cargos de diretoria em companhias e o sr. C. Bannerman o apoiou. O Balfrour respondeu:
“Eu não digo saber em que o honrado cavalheiro tem seu dinheiro investido, mas, se ele o tem investido em qualquer coisa neste país, há pouquíssimas leis aprovadas nessa Casa que não afetam seus interesses, direta ou indiretamente”
Mas o socialista é tão extremo. Ele fala de governo capitalista.
Fonte: marxists.org
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